Rota Norte Junior 1930-1947

Rotas Culturais | Arquitetura
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    Ao longo do ano de 2014 uma série de eventos celebraram a obra de Norte Júnior, o arquiteto lisboeta que venceu o maior número de prémios Valmor até aos dias de hoje. Decorrente desse ano celebrativo, a Direção Geral do Património Cultural, através da Divisão de Inventário do Património Imóvel, Móvel e Imaterial/Departamento de Bens Culturais (DPIMI/DBC), em parceria com a Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), desenvolveu um projeto de inventário dedicado à obra de Norte Júnior, fazendo um exaustivo levantamento em todo o país.

    À DGPC/DPIMI coube o inventário sistemático do legado Norte Júnior que beneficia de alguma forma de proteção legal, ou seja, que está classificado, em vias de classificação, inserido em conjuntos classificados ou abrangido, simultaneamente, em áreas de proteção de imóveis classificados. O desafio colocado foi o de conhecer a obra de Norte Júnior que beneficia de alguma forma de proteção, e propor a classificação individual de alguma da sua obra. Este inventário foi realizado com base na consulta de arquivo, fundamentalmente o da Câmara Municipal de Lisboa, de bibliografia e com a visita aos edifícios, permitindo observar o seu estado de conservação, e a manutenção ou alteração do projeto original.


    1930-1947

    Os anos de 1930 e 1947 balizam a segunda etapa da carreira de Norte Júnior, durante a qual os projetos que executou em Lisboa foram, sobretudo, de prédios de habitação, alguns destinados ainda à zona das AvenidasNovas – agora cingidos ao eixo República-Berna, mas a maioria edificada nas artérias que iam ocupando a área circundante à Rotunda – a Camilo Castelo Branco e a Rodrigues Sampaio - e ao Parque Eduardo VII – a Duque de Palmela, a Castilho, a Joaquim António de Aguiar, a António Augusto de Aguiar, chegando ao Bairro Azul.

    Muito semelhantes, em termos de distribuição planimétrica, aos imóveis plurihabitacionais que desenhou na cidade entre 1905 e 1929, estes edifícios das décadas de 30 e 40 distinguem-se dos primeiros pelo programa decorativo exterior, muito mais ao gosto dos seus encomendantes, oscilando entre belíssimos (mas tardios) modelos art deco, imponentes fachadas neo-barrocas e edifícios compostos por linhas geométricas simples que se estendiam dos frontispícios aos elementos decorativos interiores, como candeeiros ou corrimões.

    Saliente-se que nestes projetos da segunda fase, Norte Júnior não deixou de imprimir o cunho pessoal que era característico da sua fase eclética. A muitos destes edifícios não faltam portas de ferro forjado com desenhos Arte Nova, máscaras a rematar pilastras embutidas nas fachadas, e aquela que será a característica mais peculiar do seu desenho, reconhecida na moldura das janelas, em que cada andar apresenta uma tipologia diferente (igual em todo o piso), solução que permite uma demarcação mais acentuada dos pisos na fachada, formando no entanto um conjunto harmonioso ao nível da sua concepção.

    Norte Júnior integrou ainda o corpus de arquitetos que realizaram a urbanização inicial do Bairro do Restelo, desenhando cinco moradias de gosto Casa Portuguesa para este novo polo urbano. Já muito arreigado do ecletismo que sempre o caracterizou, adivinha-se neste núcleo o peso do gosto (e da decisão) dos encomendantes e não do arquiteto.

    Fonte: DGPC

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