Rota Topiária

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    As pinturas gregas inspiraram os romanos nas suas primeiras composições paisagísticas. Seduzidos por estas imagens, os romanos procuraram torná-las reais na envolvente das suas sumptuosas Villas romanas. Os paisagistas romanos (topiarii), tal como os gregos, não prescindiram nas suas obras de certas construções ou esculturas, em geral de carácter religioso, que, juntamente com a modelação do terreno e as plantações de árvores e arbustos, integrariam o conjunto das suas composições. Nem todos os romanos tinham posses para enriquecer as suas villas com estátuas de mármore, o que terá feito com que C. Mattius se lembrasse de dar a forma de esculturas a certos arbustos como o teixo, o buxo e várias espécies de loureiro. Assim nascia uma nova arte, hoje denominada Topiária.(Araújo 1962).

    No final do séc. XV vamos assistir em Itália, com o movimento cultural da renascença, a um novo incentivo a esta arte, tendo sido relatada nas “cartas de Plínio”, impressas em 1485, onde se refere que os toppiaii costumavam desenhar em buxo ou plantas aromáticas o nome do proprietário. É desta mesma época o Palazzo di Via Larga onde constituía motivo de atracção, entre outros, árvores talhadas em formas de animais, tais como: elefantes, cães, cordeiros, veados. Outras villas renascentistas fizeram da arte da topiária uma presença importante nos seus jardins.

    Em Portugal, o século XVI marca o ressurgimento da arte paisagista , sobretudo nas quintas de recreio dos grandes senhores nobres e eclesiásticos e nas cercas de alguns conventos.

    De meados do séc. XVI até finais do séc. XVII, é sobretudo no Sul do país que a arte paisagista assume maior esplendor, facto que está associado à presença da corte em Évora e Vila Viçosa.

    Nos finais do século XVI, são trazidas do Japão para o Porto as cameleiras, facto que é confirmado por especialistas internacionais que afirmam serem estas as mais antigas da Europa (Carita, 1998). Estas plantas, que com alguma mestria podem ser talhadas de formas variadas, vão servir de suporte físico ao desenvolvimento da arte da topiária.

    No séc. XVII vamos ter, no norte do país, os testemunhos mais notórios do desenvolvimento da arte da topiária em buxo, cameleiras, teixos, cedros atlântica, etc…, tanto em formas geométricas como noutras de feitio zoomórfico estilizado, em composições plásticas de um efeito surpreendente, expressão de um sentimento mais dinâmico e positivo, estranho a um espírito mais mediterrânico e islâmico do sul do país, sendo tipicamente nortenho a abertura do jardim sobre o exterior e a paisagem.

    O exemplo mais notável que chegou até aos nossos dias é o do jardim da Casa de Campo, em Celorico de Basto, onde encontramos uma composição constituída por conjunto de casa de fresco talhadas em cameleiras, com um lago ao centro. No interior de cada uma delas existe uma mesa em pedra, comunicando-se com o exterior através de janelas nas formas mais variadas.

    No resto do país a “escultura verde” anima a superfície do jardim; em Basto domina-a completamente. Outro jardim interessante é o do Paço de São Cipriano, em Guimarães, onde, em vez de cameleira, vemos o buxo recortar-se em diferentes volumes e constituir muros altos encimados por pinhas. (Carita, 1998).

    No Norte do país a arte paisagista notabiliza-se, contudo, a partir do Séc. XVIII, sobretudo nas quintas de recreio, tendo contribuído para este facto a riqueza proveniente do ouro do Brasil. Assiste-se, então, ao florescimento do barroco nortenho. Em todas essas quintas verificava-se o predomínio da vegetação tradicional, constituída pelas espécies da flora mediterrânica ou atlântica, uma vez que não se tinha ainda verificado o gosto pelo colecionismo de espécies exóticas.

    No séc. XX, continua-se a usar a topiária e a fazer dela o Ex-libris de alguns jardins, como é o caso da Casa da Gandarela que, construído nos inícios deste século numa composição setecentista, constitui uma alegoria a esta arte. Para além de um muro executado em cameleiras no qual são abertas janelas sobre o jardim, vamos deliciar o olhar sobre o próprio jardim constituído por formas bizarras que vão desde elementos geométricos, como no caso das colunas, a elementos irregulares, excêntricos, como massas espiraladas que atingem os 3 metros de altura fazendo lembrar cobras enroladas sobre si próprias, como chapéus de sol, pássaros e outros animais fantásticos, construídos em material vegetal variado (buxos, cameleiras, magnólias, azáleas e ciprestes).

    É importante proteger e divulgar esta arte num incentivo que leve os seus executantes a procurar formação técnica na área, evitando assim que se perca.

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