Construída, ao que tudo indica, sobre a antiga mesquita muçulmana, o primeiro impulso edificador da Sé de Lisboa deu-se entre 1147, data da Reconquista da cidade, e os primeiros anos do século XIII, projeto em que se adotou um esquema idêntico ao da Sé de Coimbra, com três naves, trifório sobre as naves laterais, transepto saliente e cabeceira tripartida, modelo essencialmente de raiz normanda, devido, com grande probabilidade, à origem do arquiteto Roberto.
Nos séculos seguintes, deram-se as transformações mais marcantes, com a construção da Capela de Bartolomeu Joanes, do lado Norte da entrada principal (uma capela privada de carácter funerário instituída por este importante burguês da Lisboa medieval, para si e para os seus companheiros), o claustro dionisino (obra marcante na evolução da arte gótica nacional, que apesar da sua planta irregular e localização a nascente do conjunto edificado, é uma das construções mais emblemáticas no processo de renovação arquitetónica e escultórica verificada no reinado de D. Dinis) e, especialmente, a nova cabeceira com deambulatório, mandada construir por D. Afonso IV para seu panteão familiar. Esta constitui o mais importante capítulo gótico entre Alcobaça e a Batalha e é o único deambulatório catedralício gótico nacional.
Ao longo da Idade Moderna o edifício foi objeto de enriquecimentos arquitetónicos e artísticos vários, como o testemunha a Sacristia de meados do século XVII (obra de charneira do Portugal restaurado), ou a grandiosa capela-mor barroca (das primeiras décadas do século XVIII), mas a grande parte destas obras foi suprimida nas duas campanhas de restauro da primeira metade do século XX, cujo objetivo foi a "restituição" da atmosfera medieval a todo o conjunto.
Nos primeiros anos de Novecentos, Augusto Fuschini pretendeu reinventar uma catedral medieval, com laivos de fantasia neogótica (como o projeto para a nova cabeceira) e neoclássica (com as grandes colunas para a entrada principal, cujos restos repousam ainda no claustro). A sua morte, em 1911, veio determinar o abandono do projeto. Nas décadas seguintes, sob o impulso de António do Couto Abreu, o restauro da Sé privilegiou as estruturas pré-existentes, dotando o edifício de um aspeto neorromânico evidente, cuja inauguração solene foi efetuada em 1940, num dos momentos de maior celebração do Estado Novo.
Fonte: DGPC