A igreja do mosteiro franciscano de Santa Clara de Vila do Conde encontra-se classificada como Monumento Nacional e dispõe de uma Zona Especial de Proteção podendo incluir-se na categoria dos monumentos pátreos.
Mandado edificar em 1318 por D. Afonso Sanches (filho bastardo de D. Dinis) e sua mulher, D. Teresa de Menezes, o Convento de Santa Clara é um templo fundamental do Gótico português a Norte do Douro.
O conjunto monumental domina o centro histórico da vila – edificando-se no local onde se pensa ter existido o castelo dos Condes de Cantanhede, senhores do burgo, com a igreja a ser secundarizada pelo majestoso corpo sul neoclássico, construído em 1777 pelo arquiteto Henrique Ventura Lobo, um dos mais importantes nomes do chamado ciclo neoclássico portuense.
A austeridade e monumentalidade exteriores lembram, em parte, os primeiros exemplos de arquitetura mendicante clarissa do país, especialmente a fachada ocidental, onde o único elemento é a rosácea radiante, inscrita num enorme muro compacto, delimitado por dois contrafortes.
A organização interna, no entanto, difere substancialmente. A cabeceira e a sua implantação num terreno irregular é outro aspeto interessante da igreja. Exteriormente, apresenta-se como uma fortaleza, com as janelas muito altas e a estrutura coroada por ameias, sugestão reforçada pela existência de poderosos contrafortes, que ajudam a vencer o desnível do terreno. Interiormente, porém, a rigidez formal é assumida de forma proporcional, com os absidíolos bastante mais baixos que a capela-mor.
A marcha das obras góticas do Convento revelou-se bastante demorada, não estando o conjunto terminado em 1354, altura em que D. Afonso Sanches pede ao seu filho, por testamento, que as conclua. Deste último período é o que resta da Sala do Capítulo, organizada de forma tripartida, como era usual, com porta axial ladeada por duas janelas (aqui tratadas de forma idêntica, com finos colunelos e pequenos capitéis vegetalistas que provam a sua tardia cronologia) e alçado coroado de ameias.
Muitas foram as alterações que se efetuaram no conjunto ao longo dos séculos seguintes. A mais importante verificou-se nos primeiros anos do século XVI, sob o impulso das abadesas D. Isabel de Castro e D. Catarina de Lima. A elas se deve a construção da capela dos fundadores, aberta por arco apontado de moldura inferior cairelada, e coberta por abóbada polinervada estrelada.
No seu interior, as abadessas mandaram colocar os túmulos dos fundadores, refeitos para o efeito, de acordo com a estética do tempo manuelino. Dotados de jacentes ainda plenamente medievais, com D. Afonso a segurar a espada e com um leão aos pés e D. Teresa vestindo o hábito de clarissa, são das mais impressionantes obras de tumulária manuelina, saídas da oficina de Diogo Pires-o-Moço.
Fonte: DRCN