A atual igreja matriz foi construída junto ao palácio dos senhores de Trofa, talvez aproveitando a capela particular dos Lemos como capela-mor da matriz. Esta capela deveria albergar os túmulos originais dos primeiros senhores da Trofa, que foram depois trasladados para as novas sepulturas que formam o panteão dos Lemos.
A matriz da Trofa apresenta-se como um templo de tipologia chã, construído já no início do século XVII, de formas austeras e depuradas, com elementos decorativos de carácter flamengo. A fachada, dividida em dois registos, apresenta um portal retangular simples rematado por entablamento, encimado por nicho com imagem quinhentista do Salvador. Ladeando o nicho, duas janelas retangulares rematadas por entablamento, que iluminam o coro-alto do templo.
Interiormente, o templo possui planta de nave única, coberta por abóbada de caixotões, coro-alto de madeira assente em colunas toscanas, púlpito de madeira do lado do Evangelho, e dois retábulos colaterais de talha. A capela-mor é coberta por abóbada de nervuras, com chaves decoradas com florões, exceto a central, que ostenta o escudo dos Lemos. Possuindo ao centro retábulo de talha com telas figurativas de temática franciscana, proveniente do extinto convento de Serém, a capela-mor foi o espaço escolhido para albergar o panteão da família Lemos.
Encomendado por D. Duarte de Lemos em 1534 este panteão mostra evidentes afinidades com o túmulo de D. Luís da Silveira, em Góis, sendo atribuída a sua autoria a João de Ruão. Aqui estão sepultados os antepassados do terceiro senhor da Trofa, em dois grupos tumulares, formados por dois arcos separados por pilastras e rematados por entablamento.
Do lado do Evangelho estão os túmulos dos primeiros senhores da Trofa, Gomes Martins de Lemos e seu filho, João Gomes de Lemos, e as respetivas esposas, D. Maria de Azevedo e D. Violante de Sequeira, ficando os homens no arco mais próximo do altar. Do lado oposto, foi sepultada D. Joana de Melo, mulher do instituidor, e no arco junto do altar, foi edificada a arca tumular de D. Duarte de Lemos, com estátua orante.
Fonte: DGPC