O mosteiro de São João Evangelista pertenceu às carmelitas descalças, razão pela qual o seu templo é, ainda hoje, conhecido como Igreja das Carmelitas. Na sua organização original, a igreja situava-se do lado oposto do convento, encontrando-se, no meio, o claustro. Contudo, e para que pudesse ser aberta a praça de Marquês de Pombal, a Câmara de Aveiro ditou, em 1904, a destruição de parte das dependências conventuais das carmelitas.
A igreja, de planta retangular, com sacristia no eixo da capela-mor, apresenta uma fachada onde a decoração, quase ausente, se concentra no eixo do portal, de linhas retas e frontão interrompido por uma cruz, a que se sobrepõe um janelão retangular e um emblema, este já no frontão triangular que remata a frontaria. No interior, sobressai a talha dourada que reveste paredes e teto, características das três fases da talha nacional - protobarroca, barroca ou joanina, e rococó.
As paredes da capela-mor enquadram pinturas com representações de cenas da Vida da Virgem. O teto, em caixotões de talha, apresenta quinze pinturas com cenas da vida de Cristo. Na nave da igreja, o teto é muito semelhante ao da capela-mor, com quarenta pinturas ilustrativas da vida de Santa Teresa, emolduradas por talha desta primeira fase. Contudo, a restante obra dourada, nomeadamente as molduras das paredes, que enquadram representações de santos e da vida de Santa Teresa, é já do período barroco. Tal como o revestimento do arco triunfal, do coro de cima e das sanefas.
O brilho da talha é complementado pela luz do silhar de azulejo azul e branco que reveste parcialmente as paredes. Atribuídos à órbita oficinal de António Vital Rifarto, artista de Coimbra ativo no segundo quartel do século XVIII, estes painéis de dimensões condicionadas à arquitetura da igreja, exibem enquadramentos arquitetónicos e, maioritariamente, paisagens.
Fonte: DGPC