A devoção ao Senhor das Barrocas teve origem numa imagem milagrosa que existia num cruzeiro implantado no lugar das Barrocas, ou seja, um sítio com barro, e por isso mesmo, inculto. Os sucessivos milagres ocorridos levaram a que as ofertas e esmolas crescessem significativamente, a par da fé dos habitantes da região de Aveiro e não só. Deste modo, a construção de um templo condigno tornou-se imprescindível. E a primeira pedra da atual igreja foi lançada em Novembro de 1722. Dez anos mais tarde, procedia-se à trasladação da primitiva imagem para o interior do templo, data em que o mesmo foi sagrado.
A igreja, de planta centralizada, tal como muitos outros templos da região (São Jacinto, Madre de Deus, Santos Mártires, São Gonçalo) construídos anteriormente, revela uma linguagem barroca erudita e atualizada em relação ao que de melhor se fazia no reinado de D. João V. Mas, contrariamente às suas congéneres, a planta da igreja do Senhor das Barrocas é octogonal e não hexagonal, apresentando capela-mor retangular e saliente em relação ao volume da nave.
Na igreja, os lados do octógono formado pela planta são marcados por pilastras, que sustentam o entablamento, sobre o qual se rasgam oito janelas, uma em cada pano. A cobertura segue a mesma forma geométrica da nave da igreja, rodeada pelos pináculos que rematam as pilastras. Na fachada principal, sobressai o magnífico portal, ladeado por uma dupla colunata jónica, e encimado por duas mísulas sobre as quais se ergue uma janela superiormente contracurvada e cuja profusa decoração enquadra as armas reais.
O interior reflete a organização exterior, destacando-se três diferentes campanhas de talha correspondentes à capela-mor, púlpitos e altares colaterais. Apenas a primeira, que reveste integralmente a capela-mor, é contemporânea da construção da igreja, integrando-se na denominada talha joanina ou barroca. O crucifixo original do Senhor das Barrocas encontra-se exposto no camarim do retábulo. A talha enquadra ainda quatro pinturas recentes (1951), da autora de Costa Morgado, que vieram substituir as originais, desaparecidas perto de 1830.
Fonte: DGPC